Naruto é um mangá lançado originalmente no ano de 1999 e conta as
aventuras de uma criança que sonha em se tornar o ninja mais poderoso de sua
aldeia, e por ter selado dentro de si o “monstro” que destruiu sua aldeia era
temido e desprezado por todos. A história mostra o desenvolvimento dessa
criança em suas aventuras, e como ele passa de alguém temido e desprezado, a um
personagem amado por todos que o rodeiam.
Ao longo de sua trajetória somos apresentados a vários outros
personagens muito interessantes. Um aspecto extremamente positivo deste mangá (que
posteriormente seria lançado em formato de anime) é a psique extremamente rica
e conflituosa de seus personagens, o que os torna de certa forma muito mais
humanos. Somos apresentados a temas como: Perdão x Vingança, a necessidade da
perseverança, o valor da verdadeira amizade entre outros temas.
Um destes personagens é o Sasori da Areia Vermelha, originário do
fictício País do Vento, mais precisamente da Aldeia da Areia, teve os seus pais
mortos em uma das grandes guerras ninja, e por isso teve de ser criado por sua
avó Chyo. Aos cuidados de sua avó torna-se um grande e poderoso ninja, chegando
a ser líder da sessão dos marionetistas (neste mangá, marionetes são usados
como armas) da Aldeia da Areia.
No entanto a morte de seus pais o afeta muito, ainda criança fez
marionetes no formato de seu pai e sua mãe, no intuito que eles o ajudassem a
esquecer a perda de ambos. À medida que cresce (sempre influenciado pela morte
dos pais) desenvolve uma técnica secretamente onde começa a transformar humanos
em marionetes vivas. Com o tempo foge de sua aldeia de origem e entra para uma
organização de ninjas criminosos, onde sua técnica se aperfeiçoa cada vez mais
e ele mesmo tenta virar uma marionete e se desumanizar completamente.
Nos diálogos deste personagem, em sua busca obsessiva pela
desumanização e possibilidade de virar ele mesmo uma marionete, em seu conceito
de arte como permanência que é repetida inúmeras vezes ao longo do mangá/anime,
é possível notar a sua busca de sentido para a vida. A guerra e a perda de seus
pais o afetam de uma forma que ele não consegue superar, o corroendo por dentro
e o desumanizando (a metáfora da marionete aqui, um boneco sem vida própria e
que é manipulado por outro não pode passar despercebida).
Este é o estado de muitos em nossos dias, são pegos por um turbilhão de
eventos que os choca, os prende e os devora. Pessoas que não sabem lidar com a
perda e as intempéries que ocasionalmente vêm ao seu encontro. O capítulo 10 do
evangelho de João mostra Jesus fazendo um discurso aos líderes religiosos de
sua época.
No capítulo anterior ele acabara de curar um homem cego de nascença, em
pleno sábado, o dia sagrado dos judeus onde não se podia trabalhar. Ao ser
questionado por que fizera aquilo ele faz um longo discurso e em meio a tudo o
que disse ele diz: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo
10.10).
Essa abundância de vida a qual Jesus se refere não é apenas a vida
eterna, quando esta vida material acabar, ou mesmo um grande número de anos de
vida terrena. A abundância de vida é uma vida com sentido – tanto direção,
quanto propósito. Ao vermos tanta maldade ao nosso redor, tantas coisas que
aparentemente não tem sentido acabamos por nos desesperar e trazemos este
estado de coisas para dentro de nós.
Acabamos por nos desumanizar como o personagem acima citado,
acostumamos a usar e ser usados e como uma marionete nos deixamos mover de um
lado para outro. Não foi este o plano divino ao nos criar ele pensava em outra
coisa. O que deixa a pergunta onde encontrar sentido, propósito para a vida? A Resposta
está no exemplo do próprio Cristo, o propósito da vida é servir, ser agente
para a felicidade do outro.
O próprio Cristo disse que não veio para ser servido, e sim servir e
entregar a sua própria vida em favor de outros (Mt 20.28). Quando buscamos
sentido na vida de modo a nos satisfazer iremos sempre nos decepcionar, se a
vida for apenas satisfazer nossos próprios desejos seremos sempre frustrados,
pois quando um desejo é satisfeito é trocado por outro em um ciclo sem fim.
No entanto o Cristo nos deixa a lição de que o sentido da vida está em
beneficiar o próximo, que por sua vez fará o mesmo por você, sempre
considerando primeiramente o outro e ele nos deu o exemplo: sendo Deus nasce
como homem, como homem morre inocente para que possamos ter vida (Fp 2.6-8).
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